Ele havia sido convocado. Dentre tantos, logo ele. Isso não seria problema 3 anos atrás, mas agora havia algo. Havia um motivo. Uma razão para ficar.
Talvez ele pudesse ficar, mas ele precisava ir. Precisava cumprir a missão.
Ele olhou triste para o chão e disse para si mesmo: -Apenas 6 meses...Isso deve passar rápido.
E ele realmente esperava que algum milagre fizesse esses 6 meses passarem como 6 dias.
Ele se recompôs e colocou sua farda. Calça, blusa e abrigo camuflado. Colocou a cobertura azul em sua cabeça e foi em direção ao restaurante onde planejou almoçar antes de deixar o Brasil.
Chegando lá, ele encontrou o motivo para tanta tristeza em ir embora. Ela sorriu pra ele, com os olhos tristes, com certeza havia chorado antes de chegar ali. Ele segurou sua mão e a colocou em volta dele, encostou a cabeça dela em seu peito e deixou o tempo passar.
Ela era tudo, não havia melhor ou mais bonita. Ela era a única. Doía para ele, tanto quanto doía para ela. Mas eles se reencontrariam em breve.
Eles almoçaram juntos e ela foi forte o bastante! Dentro dela, uma voz gritava "Diga a ele que não vá!", mas ela não ousou dizer tais palavras. Sabia que já era difícil demais sem elas.
Ela o levou até a base e o abraçou o mais forte que pôde (infelizmente não parecia forte o bastante para ela). Ele a beijou e prometeu voltar. Ela não pudia mais resistir, deixou 2 lágrimas caírem. Ele precisou fitar o céu e respirar fundo, estava prestes a chorar e isso tornaria tudo muito mais difícil. Depois olhou nos olhos dela de volta, estendeu suas mãos e limpou as lágrimas teimosas. Ele a abraçou pela última vez antes de pegar o avião, cochichou palavras doces em seu ouvido e fez promessas. Ela entregou à ele uma carta. Ele beijou os lábios dela com avidez e seguiu com os outros militares. De longe ele acenou e, então, partiu.
Ela chorou durante toda a viagem de volta. O coração dele se despedaçou na ida.
Ele puxou do bolso a carta que ela havia escrito, ele precisava encontrar conforto. Enquanto ele lia, ia lembrando do quanto ele sentiria saudades dela. De cada coisa que ela fazia. Seriam 6 meses difíceis, mas eles iriam se reencontrar. Ele tinha alguns medos dentro dele, mas a certeza do reencontro trazia a calmaria de volta.
Brenda Andrade